Vejo muitos influenciadores, economistas, entre outros, comparando os produtos de investimentos aqui do Brasil com os americanos. As vezes comparações que chegam a desmerecer demasiadamente os produtos brasileiros.
Sabemos que lá fora existe um universo de produtos de investimentos muito maior do que aqui. Nos Estados Unidos, existem mais de 10.000 empresas em mais de 10 bolsas diferentes. Muitas oportunidades em Stocks, REITs e ETFs (Exchange Traded Funds). Traduzindo: ações, fundos imobiliários e Fundos de índices.
Na renda fixa eles possuem os bonds, onde os Treasuries são considerados os investimentos mais seguros do mundo.
É uma série de produtos que não tem fim.
Agora uma pergunta que eu faço a vocês. O brasileiro médio está apto a investir nos Estados Unidos? Essa é a questão. Nós temos cerca de 1,5% de investidores pessoa física na B3 (bolsa brasileira).
Desses 1,5%, metade entrou nos últimos 2 anos. Ainda estão engatinhando na bolsa. Somente uma pequena fração está preparada para investir no exterior. Então temos que ir com calma.
O brasileiro ainda não está nem preparado para investir aqui no Brasil, quando mais nos USA. Quando converso com pessoas sobre Bolsa de valores, logo de cara já dizem: “esse negócio só faz você perder dinheiro, não é para mim”.
O Brasileiro está acostumado a aplicar na poupança. O valor total aplicado em 2020 foi de 166 bilhões, a maior captação da história. Claro que o benefício dado pelo governo, por causa da pandemia contribuiu com isso. Mas ainda sim, é um valor muito alto. Nenhum investimento de renda fixa bate a poupança nesse quesito.
Porém, o dinheiro aplicado na poupança, esta sendo corroído pela inflação. Não é porque você esta vendo ele render 1,92%a.a. (com a Selic a 2,75%), que de fato você esta tendo lucro. Não está. Se a inflação esta hoje a 6,10% nos últimos 12 meses, você esta perdendo pelo menos 4,17%a.a..
O brasileiro não conhece nem os investimentos de renda fixa que temos aqui, como Tesouro Direto, LCA, LCI, CRI, CRA, Debêntures, CDB, etc.. Não sabem o que é um FII, quanto mais investimentos nos USA.
Não confiam nas corretoras. Acham que ao investir em um produto o dinheiro deles irá ficar na corretora. E eles tem medo da corretora quebrar e eles perderem o dinheiro. Preferem deixar na poupança. Não sabem que o dinheiro fica custodiado na B3, dependendo do investimento. Não sabem da existência do FGC (Fundo garantidor de crédito), que garante até 250mil por cpf e por conglomerado bancário, com um teto de até 1mi dentro de 4 anos (somente para produtos: LC, LCI, LCA, CDB e Poupança). Não sabem que as corretoras são os melhores veículos para levar os investimentos até eles.
Então para quem conhece só a poupança, fazer a transição para outros produtos da renda fixa e da renda variável aqui no Brasil, já é um enorme passo.
Por isso, que as pessoas que conhecem o mercado, economistas, influenciadores, devem focar aqui no Brasil. Não devem pular etapas. Sabemos que hoje está mais fácil investir no exterior. Mas para alguém que nunca comprou uma ação na B3, investir lá fora é algo surreal.
Nós que temos conhecimento, temos que passar adiante. O Brasileiro precisa de educação financeira e isso não vai vir do Estado. Então é um dever nosso. Mas vamos com calma. Um passo de cada vez.
Precisamos quebrar esse paradigma sobre a bolsa. Ainda existem muitas crenças limitantes que devemos extinguir dos brasileiros. De que forma? Levando informação. Levando conhecimento.
Só no Brasil, conseguimos investir em: ações (mais de 400 empresas e mais de 100 empresas estrangeiras), ETFs, Fundos Imobiliários, Fundos de Investimentos (ações, multimercados, renda fixa, etc.), Tesouro Direto (IPCA+, Selic+, prefixado, etc.), LCI, LCA, CDB, CRI, CRA, Debentures, COE, etc.. Olha quantos produtos temos aqui, para quem investe na poupança.
Então vamos parar de valorizar os investimentos exterior e valorizar mais os produtos que temos aqui.
Investimento no exterior é algo necessário para diversificação e para segurança, mas por enquanto somente para quem entende.
Thiago Valencia
É empreendedor e apaixonado pelo mercado financeiro, atualmente cursando economia e fazendo MBA em investimentos.
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